Na verdade é um trecho mas vale a intensão né!
Eclipse
Três batidas rápidas na porta me salvaram. Charlie revirou os olhos e eu me levantei num salto.
— Já vou! — gritei enquanto Charlie murmurava alguma frase que parecia “Suma daqui”. Eu o ignorei e fui abrir a porta para Edward.
Eu escancarei a porta — ridiculamente ansiosa — e lá estava ele, meu milagre pessoal.
O tempo não me deixara imune à perfeição de seu rosto, e eu tinha certeza de que nenhum aspecto dele deixaria de me surpreender. Meus olhos acompanharam suas feições pálidas: o quadrado do queixo, a curva suave dos lábios cheios — agora retorcidos num sorriso —, a linha reta do nariz, o ângulo agudo das maçãs do rosto, o mármore macio da testa — parcialmente oculta por uma mecha de cabelo bronze, escuro com a chuva...
Deixei os olhos para o final, sabendo que, quando olhasse dentro deles, talvez perdesse o fio do pensamento. Eles eram grandes, calorosos como de ouro líquido, e emoldurados por uma franja grossa de cílios escuros. Olhar seus olhos sempre fazia com que eu me sentisse extraordinária — como se meus ossos tivessem virado esponja. Eu também ficava um pouco tonta, mas isso devia ser porque eu me esquecia de respirar. De novo.
Era um rosto que qualquer modelo no mundo daria a alma para conseguir. É claro que este podia ser exatamente o preço pedido: uma alma.
Não. Eu não acreditava nisso. Sentia-me culpada até de pensar nisso e estava feliz — como sempre ficava — por ser a única pessoa cujos pensamentos eram um mistério para Edward.
Peguei sua mão e suspirei quando seus dedos frios encontraram os meus. Seu toque vinha com a sensação estranha de alívio — como se eu estivesse com dor e o sofrimento de repente cessasse.
— Oi. — Eu sorri um pouco para minha recepção anticlimática.
Ele ergueu nossos dedos entrelaçados para afagar meu rosto com as costas da mão.
— Como foi sua tarde?
— Lerda.
— A minha também.
bjinho
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